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DIAS...

Segunda-feira, 18.10.10

 

Despenham-se na acidez das manhãs

Íngremes e imprevisíveis

Como as águas de Abril,

Condensando-se,

Depois,

Em amarelos muito claros


Vejo-os na semi-lucidez do acordar,

Antes da lenta queda

Do elevador singular

E intermitente


Voltam,

Depois,

Suspensos no mel

Dos olhos dos gatos omnipresentes

E dispersam-se por todos os lugares nenhuns

Com urgências de pólenes ao vento


Caem, por vezes,

Como inexplicadas pedras

No interior das confortáveis ausências

Que se sublimam em alegres,

Subversivas criações


Prolongam-se na comunicação

Em gargalhadas

Ou muito raras lágrimas

[conforme o cerne das alheias horas]

Na mesa concêntrica onde se cozinham percursos

Enquanto se bebem demorados cafés


Continuam,

Sempre,

Até soçobrarem,

A Oeste de mim,

No azul líquido

Que se veste de luminosidades artificiais

E morrem,

Inevitavelmente,

No momento pendular de todas as renúncias


Renascerão mais tarde,

Um a um,

No imprevisível sopro da permanência consentida.

 


Maria João Brito de Sousa

 

 

 

 

NA FOTOGRAFIA - A minha mãe, eu, com dez anos, e a minha irmã, Maria Clara.

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 16:07








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