A RECONSTRUÇÃO DAS AUSÊNCIAS
Caem-nos do alto,
Moldam estrelas negras
Geladas como longas invernias
Repletas dos vazios que nos deixam
Fracturam-se
Em mil pedaços
De arestas agudas
Que inevitavelmente nos magoam
Desenhamo-las a tinta nanquim
No momento da colisão
E fazemo-las permanecer,
Esculpidas nas pedras
da Ágora de todas as partidas
Lentamente,
Redesenhamo-las
Enquanto presenças abstractas,
Inventamos-lhes corpos imaginários
Que a memória
Cobre de cores indefinidas
São
- mesmo tendo deixado de o ser –
Ausências reconstruídas
Maria João Brito de Sousa -06.10.2009