A TORRE DE TODOS OS PRETÉRITOS
Ontem,
O bichinho azul
Que todos os dias caminha a meu lado,
Subiu,
Comigo,
À Torre de Todos os Pretéritos.
Longe,
Muito além do vislumbrável
Por qualquer bichinho
De qualquer cor,
Uma nódoa vermelha,
Viva e crescente,
Manchava, ainda, a linha do horizonte.
Ontem,
Eu,
Que todos os dias
Caminho lado a lado com um bichinho azul,
Desci,
Sozinha,
A Torre de Todos os Pretéritos...
Maria João Brito de Sousa - 27.01.2010 - 11.51h
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NO MAR
Onde as algas se despem das areias
E a onda adentra,
Numa vergastada,
A rocha inesperadamente negra,
Onde se perdem os últimos raios de sol,
Para quem que passa na estrada
E neles repara.
Vem o sal beijar-nos
Numa raiva de pérolas esparsas
Que o vento açoita
Ainda depois de o dia se ter deitado....
- Cheguei! Cheguei!, avisa o temporal...
Todos os anos o mar se faz Inverno,
Todos os anos alguém dará por isso
E terá saudades
Das algas que se despediram no ano anterior...
Depois virão mais marés,
Mais marinheiros,
Virão ondas,
Mil ondas babando-se de fúria
No recomeço de um mar invernoso
E, finalmente, as mansas algas voltarão sorrindo;
- Bom dia! Como estão?
Todos os anos o mar se veste de algas
Na exacta Primavera
Em que alguém se esquecerá de dar por ele....
Maria João Brito de Sousa - 21.12.2015