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CANTIGA DE AMIGO DO SÉC. XXI

Segunda-feira, 31.05.10

 

Amigo,

eu não sei que espantos,

que mágoas, que encantos

moldaram quem sou…

 

que arestas

de tão fundas rugas

traçaram as fugas

do que me restou

 

só sei

que tenho a certeza

de ser vela acesa

que o vento da vida,

soprando, soprando,

 

soprando…

fez tremeluzir

e tento sorrir,

porque quero dormir,

Apagar-me sonhando

 

Amigo,

a minha cantiga

de Amigo

é antiga,

tem anos sem fim

de dores e deleites,

e se

tão mal te conheço,

não espero nem peço

Que entendas, que aceites

 

mas canto,

aprendo

e entendo

que, apesar de tudo,

se nela me iludo,

se a teço em veludo

é por querê-la tanto…

 

Amigo,

eu não sei que espantos,

que mágoas, que encantos,

cantando te dou…

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 29.05.2010

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A INVENÇÃO DOS ÓCIOS

Quarta-feira, 19.05.10

Os ócios,

Se os tivesse,

Pintá-los-ia do amarelo da manteiga

E derretê-los-ia,

Lentamente,

Entre a língua da caneta

E o palato do papel

 

Depois,

Se os tivesse, repito,

Trabalhá-los-ia à exaustão das horas

 

Não sei como,

Então,

Lhes chamaria,

Mas sei que o amarelo se decomporia

Numa remota hipótese de verde

Que não o do trevo 

E muito menos o da esperança.

 

 

Maria João Brito de Sousa - 18.05.2010

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 14:37








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