SOLIDÃO
Fecho-me em solidão.
Sei lá porquê!
Há dias em que o céu me sabe a pouco
E as ondas salgadas
Não fazem outro sentido
Que não esse mesmo sentido
De serem ondas
E serem salgadas.
A velha e doce solidão
Tem a vantagem
De estar sempre à disposição
Das minhas indigestões de quotidiano
E abre
Cortesmente
A porta
Às pequenas alegrias
Que virão mais tarde …
Além do mais,
Quem disse que a solidão
- essa que dizem, magoa… -
Poderia existir
Depois dos poemas que ainda não morreram?
Maria João Brito de Sousa – 19.07.2010 – 19.47h
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MAIS LONGE
Ele há lá canto
E voz e fogo ou estrada
Que alcancem o que alcança
Um simples sonho!
É A meta
Exactamente Essa
Essa Exactamente
A meta É
Nunca tinhas reparado?
Maria João Brito de Sousa
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EVIDENTEMENTE...
Bastar-nos-á entretê-lo
De quando em vez
Com um prato de lentilhas
E meia dúzia de palmas ensaiadas.
Será quanto baste
Pois é louco, o pobre…
Como poderia não o ser
Se foi sua a escolha de sobreviver
No limbo do humano conforto?
Por isso
Nos bastará entretê-lo
Na mansidão do seu imaginário
Antes que acorde…
Antes que rosne
E possamos descobrir
Que os pobres somos nós
E que o limbo
É esta dependência
Dos humanos recursos que nos movem
Enquanto regurgitamos
Certezas
E sentenças
Que, evidentemente,
Serão sempre as mais correctas
Evidentemente!
Maria João Brito de Sousa
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NÃO TENHO MEDO DO TEMPO!
Não tenho medo do tempo
Porque o tempo recomeça
Sempre que bem lhe apeteça
Sem que ninguém o impeça!
Portanto digo;
“Se abrando,
Ficam-me as horas trocadas,
Fica tudo às três pancadas
E perco tempo…
Lamento;
Tenho pressa, muita pressa
E nenhum medo do tempo!”
Maria João Brito de Sousa – 11.07.2010 – 20.59h
IMAGEM - Pormenor de uma tela de Salvador Dali (retirado da internet)
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O HOMEM QUE, URGENTEMENTE, PRECISAVA DE COORDENADAS
Coordenadas
Dêem-lhe coordenadas
Antes que se perca
Ou antes que o mundo
O perca a ele
Apontem-lhe caminhos,
Forneçam-lhe bússolas,
Relógios,
Sinais de trânsito
E amores
Daqueles que se vendem
E se regateiam
Mas, antes de mais,
Forneçam-lhe as tais coordenadas
Não vá
Evaporar-se no ar,
Dissolver-se nos rios,
Sublimar-se no éter
Sem que alguém tenha,
Pelo menos,
Tentado mantê-lo uno,
Dentro
Do convenientíssimo invólucro
Que alguém se esqueceu de selar…
Maria João Brito de Sousa – 04.07.2010 -23.49h