LÁ LONGE...
Porque lá longe,
Aonde nunca os via,
Eram meras silhuetas esfumáveis
Ao mais pequeno sopro da vontade
Aí, aonde perfeitamente
O presente os colocara
Talvez viessem a poder salvar-se
De serem contemplados
Com os olhos lúcidos
De uma inevitável avaliação
Execrava
Qualquer tipo de manipulação
Abominava
Todas as duplicidades
De que os fracos necessitam
Para poderem sentir-se fortes
[mesmo que nunca o reconheçam
e se acreditem bem intencionados]
Por isso,
Lá longe,
Onde a sua piedade os colocara
Seria sempre
O único local possível
Para os proteger
Da sua própria estupidez
Segundo o olhar implacável
Da lucidez de um julgamento imparcial
Maria João Brito de Sousa – 26.09.2010 – 12.35h
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OS VERSOS IMPROVÁVEIS
Hoje, alquebrada,
Parti perdidamente à descoberta
De um sonho por sonhar
Noutro universo;
Eram duas ou três aves sem rumo
Na margem da cidade por esculpir,
Duas ou três colinas seminuas,
Duas ou três vontades mal esboçadas
E um canto muito ao longe
A pedir vozes
Eram duas ou três cordas de estopa
Nos braços da figueira urgente e tosca,
Duas ou três mentiras renegadas,
Duas ou três mil nuvens por chover
E a jangada a afundar-se
Sem memórias
Derrotada
Aonde perfeitamente me inventei
Tentei reformular-me
No dealbar dos versos improváveis
Maria João Brito de Sousa