Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



JUÍZOS

Quarta-feira, 15.12.10

 

Quando as mil gotas de água

da clepsidra

transmutadas em Tempo

nos julgarem

no tribunal

de um escólio já expurgado

virão,

dos muitos olhos que nos lerem,

juízos

mais ou menos razoáveis

que esse distanciamento proporciona

 

Nesse entretanto,

alguns nada verão

e os outros...

mil imagens desfocadas

por espelhos reflectindo o que contêm

 

 


Maria João Brito de Sousa – 15.12.2010 – 00.49h

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Maria João Brito de Sousa às 11:47

(SOBRE)VIVENTES

Quinta-feira, 09.12.10

 

 



Nunca as conheceram,
Às flores de água estagnada
Nas pedrinhas
De um passeio imprevisto
Ainda à vossa espera?

No tempo em que os poetas
Eram feitos de papel
E os anjos se vestiam de farrapos
Mais ou menos coloridos,
Havia poças de água
Na fúria de uma sobrevivência
Tão menos visível quanto fascinante

Cresci a olhá-las
Para além da sua visibilidade,
Aprendi a sondá-las
E a reconhecer-lhes uma vontade
Que sempre ultrapassará
A minha,
A vossa,
A do próprio amor…

Nesse tempo
Do papel,
Dos farrapos,
Dos poemas curtinhos
E das tranças com laços,
Fundiam-se perfeitamente

Elas,
As flores de águas paradas
E eles,
Os meus olhos libertos como dantes

 




Maria João Brito de Sousa – 07.12.2010 -19.17h




 

Imagem retirada da internet

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Maria João Brito de Sousa às 15:01

SEJA EM QUE UNIVERSO FOR!

Quinta-feira, 02.12.10

 

 

Aqui estou,
completamente desdobrada
entre o meu eu do primeiro instante
e o meu eu do último segundo,
no momento exacto
em que acabo de riscar
o que foi escrito
e começo a desenhar
a primeira letra do que está por escrever

Isso sou,
não mais e nunca menos,
exceptuando o pequeno intervalo
entre ser e não ser
em que fui tão além
sem que pudesse escrevê-lo
porque escrever não fez,
nem poderia ter feito, o menor sentido

Irei,
enquanto se me não cumpre esta distância
entre antes e depois
e nada mais peço
senão ser
gato-com-ou-sem-botas,
bicho-alado-sem-asas
ou fruto perfeitamente cristalizado
no mesmíssimo ponto
em que qualquer árvore É
antes de lhe apodrecer a raiz
e depois de a Vontade a ter tocado,
seja em que universo for!





Maria João Brito de Sousa – 01.12.2010 – 00.19h

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Maria João Brito de Sousa às 11:56








comentários recentes




subscrever feeds