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CADA ÁTOMO DE MIM

Segunda-feira, 31.01.11

CADA ÁTOMO DE MIM

*

Cada tábua que piso

Nesta toca,

Cada silêncio

Que reconquistei,

Cada parede

À beira do abismo

Destas mãos na loucura de voar,

Cada lágrima

Em mim jamais chorada

Que irrompe num verso interrompido,

Cada átomo de mim

Neste pulsar cá dentro,

É para mim.

O resto é teu!

*

 

 

Maria João Brito de Sousa– 29.01.2011 – 22.33h

 

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 16:42

SEM TÍTULO

Segunda-feira, 24.01.11

 

Bebeu da fonte de outro medo

Esse menino

Que uma outra mãe

Pariu e embalou

Na teia azul

(metálico segredo)

*

Vive por um fio,

Por um fio mataria;

*

Toque-se o fio,

Vislumbre-se o segredo

E a teia azul transmuta-se em casulo

*

 

Assustado, confuso,

Cronos passa por ele sem o notar,

Tagarelam os anjos noutro altar

E nem o inimigo o apontaria a dedo

*

 

Bebeu, colado à teia,

Bebeu do fio

Da fonte de outro medo

*

 

Maria joão Brito de Sousa - 1999

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 11:49

GUARDAR AS LUAS

Sexta-feira, 07.01.11

GUARDAR AS LUAS

*

Todos os dias

as mãos se lhe enchiam

de luas e pães

comprados no café da esquina.

*

Eles,

os pães,

porque as luas lhe nasciam

das asas dos pássaros

quando se demoravam

sobre as reflexões

e dos olhos

dos que se cansavam

de a entender

*

 

Eram luas e pães

multiplicados

por somas de ausências,

mas eram

e ninguém negaria

a concretude da sua inexistência.

*

 

Maria João Brito de Sousa - 07.01.2011 - 16.25h

 

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 16:22

HOJE NÃO É PARA TI

Quarta-feira, 05.01.11

HOJE NÃO É PARA TI

*

Não,

Não é para ti

Que teço estas vogais e consoantes

Nos intervalos da respiração das sílabas,

Nem para ti são

Os silêncios compassados

E os ditongos musicais.

*

Nunca para ti

Que perscrutas a mole humana

Com a vontade gélida

Das ferramentas de laboratório,

Com os ouvidos infalíveis do diapasão,

Com os olhos vítreos do microscópio

*

Hoje escrevo para os que virão,

Para os que todos adivinhamos

Mas não podemos dissecar

Porque se conjugam num tempo

Que está por nascer.

*

Hoje não trago palavras;

Só a certeza

De que a preocupação

Com os adjectivos,

Se excessiva,

Conduz à pobreza do que é kitsch

*

 

 

Maria João Brito de Sousa -04.01.2011 -23.11h

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 11:55








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