MAS TU NÃO VÊS?!
NÃO VÊS?
*
Mas tu não sabes,
Não vês
Que cada dia,
Só será dia se tiver sido justificado?
*
Nunca sentiste
Essa estranhíssima euforia
Que perpetua
Aquilo que é criado?
*
Não reparaste
Que há razões que desconheces
A sorrirem pr`a ti
Como se as preces
Não fossem
As dispensáveis fronteiras
Do tangível?
*
Nessa humildade que tanto apregoas,
Nessa vontade que te não dá descanso,
Nesse incondicional nunca parar
Que irá justificar sermos pessoas,
Não vês
Que aquilo que sonhaste
E eu nunca alcanço
Foi sempre a recuar
Que o alcançaste?
*
Se crês poder voar, porque não voas?
*
Maria João Brito de Sousa - 2011
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METÁFORA DAS LÁGRIMAS QUE NUNCA CHORAREI
LÁGRIMAS QUE NUNCA CHORAREI
*
Vejo-as
Nitidamente recortadas
No aço frio da silhueta matinal
*
Trazem
A pureza anímica das aves
Ao momento em que caem
e
pousam
Suavemente
Na tensão superficial
Das águas do meu imaginário
*
Não sei quantas são
Mas são
E basta-me a certeza de as ver
Não sei quantas,
Não sei porquê,
Nem sei exactamente quando,
Na mais lenta queda
Que os olhos me puderem recriar
*
Depois deixo de as ver
E o lago,
Desinventado,
Funde-se nas lágrimas que nunca chorarei
*
Maria João Brito de Sousa – 01.02.2011 – 18.45h
IMAGEM - Tela de Vincent Van Gogh - retirado da internet