PRELÚDIO PARA UM POENTE COMO OUTRO QUALQUER
PRELÚDIO PARA UM POENTE
COMO OUTRO QUALQUER
*
Ah, soletro sonhos!
Somo-me em sílabas, silêncios e sons
*
Solidamente
sou e sigo sendo
síncrona, serena e solitária,
sonolenta sobre sonoros sobressaltos
*
sou, sem susto
sou, sem solução
*
Sinto, sorvo e solicito essa insolvência
*
Maria João Brito de Sousa – 28.11.2012 -16.44h
Brevíssimo exercício poético, em sibilantes,
em homenagem à oralidade da língua portuguesa
e, mais uma vez, contra o abominável Acordo Ortográfico
(para ilustração da tela Essência – MJBS -1999)
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SEM TÍTULO NENHUM
Esculpo-me,
em silêncio,
na memória das horas
por onde caminho incólume
até à indecisão da última esquina
*
Tempero
a espada da lucidez
e devolvo-me ao poema
no fio dos meus indecifrados sonhos
*
Guardo-te,
desassossego,
para o reboar dos sinos,
para o galope dos corcéis,
e para as desilusões do não vivido
*
Virei por ti
no dia em que for tarde demais para escrever!
*
Maria João Brito de Sousa – 25.11.2012 – 21.27h
IMAGEM - Getação Floral - Maria João Brito de Sousa, 1999
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BLOG EM GREVE
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ESPERO-VOS...
ESPERO-VOS
*
Espero-vos
na imprevisibilidade
do tempo por vir,
à esquina do acaso que encontrar,
porque nada em mim é menos imenso
do que este espanto de vos saber alheios
*
Serena,
percorri os intervalos
entre cada compasso dos minutos
enquanto os anos se dignavam
desenrolar um imenso novelo de memórias
ao longo do qual,
coloridos e suspensos como jardins,
os dias floresciam
no silêncio vivo dos cinco sentidos
*
Ano após ano,
Fui colhendo os frutos da alegria
exactamente de onde a desdenhais
e dissolvi-me
no mais profundo dos sonos
sonhando que até o medo me temeria a mim
*
Sou,
límpida e solidamente,
aquilo que fui tecendo,
sonho a sonho,
numa imensidão de esperas…
como a vossa,
como as dos outros,
como as dos que acreditam
na construção de um rumo,
na despojada escolha de um devir qualquer
*
Esperar-vos-ei
na imprevisibilidade da cada esquina,
na indefinição do tempo que restar,
no limiar da vossa insultuosa indiferença,
no reacender de cada um dos vossos medos,
no segredo (in)confesso das vossas insónias
ou na (des)construção de um palco controverso
onde ninguém saiba de cor o seu papel
e onde jamais se oiça a voz sumida do “ponto”
*
Fá-lo-ei – ou talvez não… -
ainda que nada em mim seja menos visível
do que este espanto de vos saber alheios
*
Maria João Brito de Sousa – 01.11.2012 -21.08h