PERCURSO
PERCURSO
*
Nasci num mar tão distante
Quanto as águas primitivas;
*
Vim presa ao lastro do tempo
Que ecoa nas catedrais
Das grutas intemporais
Onde cresci no fermento
Das fusões mais permissivas
*
Vivi mil milhões de vidas,
Morri de outras tantas mortes;
De tanto ir deitando as sortes
Às coisas nunca vividas,
Cresceram-me asas por dentro
Que,
Por fora,
Sou segredo,
Sou anjo cristalizado
Na vertigem do futuro
(antes que ele seja passado…)
*
Por
Um lado,
Digo tudo,
Por outro,
Não mostro nada
(tenho a razão condenada
por versos com que me iludo…)
*
Se,
Por vezes,
Azarado,
De outras tantas,
Tenho sorte
Pois,
Do nascimento à morte,
Só me perdi quando achado.
*
Maria João Brito de Sousa – 2005 ou 06
Nota - Poema ligeiramente modificado a 02.07.2014
Imagem retirada do Google - Líquen