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FIGURA DE PROA (poema descritivo de um sonho real)

Segunda-feira, 21.12.15

Barcopapel.jpg

FIGURINHA DE PROA

 

Pinta-se o céu de negras aguarelas

Rasgam-no

De alto a baixo

Centelhas amarelas

E grita irada

A voz de algum trovão

 

Na praia choram

As mulheres dos pescadores

E

Sou

No sonho

A figura de proa

Da barca de insuspeitos pecadores

 

 

Eu

Que tenho medo

Dos líquidos abismos

E da dureza impenetrável dos rochedos

A condenar-me a morrer de mil medos

Num negro mar que me desconhecia

 

 

E

Do fundo do mar

Um deus rugia:

- Por mim não passarás impunemente!

Ergo a voz

Numa voz que lhe pedia:

- Salve-se, ao menos, a tripulação!

Reboa a  gargalhada em que o deus respondia:

 

- Quem és insignificante criatura

Que pedes por vidas que não são a tua?

 

- Sou quem da barca se fez capitão,

E por amor de quem nela labuta

Tomo-lhe o  leme nesta minha mão!

 

 

Neptuno troça

Mas abranda a fúria

Vulcano cala as vozes do trovão

E a Barca balança docemente

Como se o universo inteiro

De repente,

Se comovesse com tal devoção

 

 

Maria João Brito de Sousa - 1993 (?)

*

Nota - Poema reformulado a 21.12.2015

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 17:52

EXECUÇÃO

Segunda-feira, 21.12.15

 

EXECUÇÃO

*

Naquele instante

As rosas multiplicaram-se

Em negros abraços

E os trinta e três

Melros-azuis

Que moravam

No jardim da guerra pontual

Desdobraram-se em trinados

Que soavam,

Ao longe,

Como o assobio

Das balas perdidas no muro

A que ela,

De olhos (des)vendados,

Apoiara o corpo (ainda) vertical.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 2008

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 15:39








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