TEMPO
TEMPO
*
Tu dizes Eu
como quem bebe um copo de astros
e teces os corpos
nas arestas do dia a dia
com o pasmo e a leveza das mãos que não tens
*
Tu dizes Vida
como se ela estivesse ainda por nascer
e continuas a moldá-la
e a cobri-la
dos indispensáveis acessórios
das teias, dos fungos, dos dourados bolores
*
Tu passas
como se de todo não passasses
e não tens memória
que, a essa, somos nós,
nós, bichos e sombras e plantas
e serenas pedras de todos os astros,
que ta vamos tecendo
para que nela te possamos (re)conhecer
*
Maria João Brito de Sousa – 15.01.2019 – 12.43h