NASCE, POESIA!
Porque o que sou
me não cabe nas mãos fechadas,
escorrem-me,
por entre os dedos,
estas sobras
do que recuso transformar
em gesto de troca,
artigo de compra e venda,
alimento, embriaguez, culto, ritual
e que és tu, Poesia.
Divinizam-te, alguns,
o corpo que não tens
no altar que insistes em não ser,
mas sei-te no cerne de todas as coisas,
escorrendo inevitavelmente
de todos os poros, por todas as frestas,
limpa, lúcida, viva, inexplicada…
Cantas, ainda,
onde a esperança morreu,
ressoas no vácuo, apesar de inaudível,
desdobras-te
em invisibilidades e vislumbres,
acendes-te, sublime,
no temor de cada escuridão.
Inútil, ou não… nasce, Poesia!
Maria João Brito de Sousa – 11.09.2012 -01.53h