HORAS ANTIGAS
Sobravam-lhe as horas
Noprolongamento do reflexo
Em indesmentível declínio.
Ali, onde os espelhos
Nasciam dos vidros das montras
E das poças de água nas calçadas
Descalças de sonhos,
Sobravam-lhe luas e amantes
Nos ambíguos desamores
De cada fim de tarde.
Amanhã seria tempo
De sobrarem mais rugas de expressão
Na expressão de todas as horas.
Maria João Brito de Sousa - Julho, 2009
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1 comentário
De M.Luísa Adães a 02.09.2009 às 12:36
É um poema de encanto!
«Fernando Pessoa escreve desta forma,
Diz o que vê e o que sente
e não poderia ser dito
numa poesia formal como a "Nova Arcádia" no tempo de Bocage.
E o vate bastante lutou para tornar essa formalidade, mais humana e
pessoal.
A época estava contra ele - duzentos e cinquenta anos?...
Pessoa escreveu "modernismo a seu modo" e os clássicos perderam.
Então, para mim, no SéculoXXI , o que escreve no seu poema é a
poesia dos nossos tempos.
Basta de retrocessos de quem não quere admitir que os tempos mudaram e nessa mudança , entrou a forma de escrever.
F. Pessoa é o testemunho brilhante e Maior dessa realidade.
Lindo o que escreve, pena não a entenderem, mas lute por isso, a par
do seu classico, muito bom, no "poetaporkdeusker".
Ponha clássico e modernista, nesse blogs, pois é mais conhecido e lido.
Não por ser, clássico, mas porque nele só entra o clássico.
Abra nesse blogs, um tempo intervalado, para a outra poesia, tão boa
como a primeira!
Maria luísa