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A RECONSTRUÇÃO DAS AUSÊNCIAS

Terça-feira, 06.10.09

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Caem-nos do alto,

Moldam estrelas negras

Geladas como longas invernias

Repletas dos vazios que nos deixam

 

Fracturam-se

Em mil pedaços

De arestas agudas

Que inevitavelmente nos magoam

 

Desenhamo-las a tinta nanquim

No momento da colisão

E fazemo-las permanecer,

Esculpidas nas pedras

da Ágora de todas as partidas

 

Lentamente,

Redesenhamo-las

Enquanto presenças abstractas,

Inventamos-lhes corpos imaginários

Que a memória

Cobre de cores indefinidas

 

São

- mesmo tendo deixado de o ser –

Ausências reconstruídas

 

 

Maria João Brito de Sousa -06.10.2009

 

 

 

 

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publicado por Maria João Brito de Sousa às 15:07


16 comentários

De M.Luísa Adães a 08.10.2009 às 11:07

"Ausências Reconstruídas"

São na realidade, o que construímos todos os dias,

as ausências dos que partem e nos fazem tanta falta.

E deixam de ser imaginárias e abstractas para serem seres reais

e fazem parte de nossa vivência.

Quando partem sofremos,
as tentamos reconstruír,
para que a dor desapareça
e não entorpeça,

Nosso viver!

Lindo poema.

Maria Luísa

De Maria João Brito de Sousa a 08.10.2009 às 11:40

Exactamente isso, minha querida Maria Luísa. Este nasceu-me logo a seguir à morte da última irmã do meu avô que ainda restava. Não estava muito com ela, ultimamente, mas era muito, amiga dela. Fazia parte do meu património afectivo desde a primeira infância e custou-me muito. Também me custou imenso não estar em condições de ir ao velório ou ao funeral, mas não estava mesmo e assim ainda guardo dela uma memória viva. Tinha estado na festa do seu nonagésimo aniversário e embora tivesse reparado que ela parecia muito desistente, estava , pelo menos, muito feliz com a cerimónia e a reunião de quase todos os parentes chegados. Mas eu hoje não me calo!
Abraço grande e obrigada pela tua visita.

De M.Luísa Adães a 08.10.2009 às 12:47

Escreves muito bem estes poemas e eu acertei nas ausências que

pretendemos reconstruír, para não sentir suas faltas...

Nisto, eu sou perita no dizer e no analisar.

Mas não são fáceis de entender. Reconheço essa verdade!

Beijos,

Mª. Luísa

De Maria João Brito de Sousa a 08.10.2009 às 14:15

Nós nunca somos fáceis de entender, amiga. Por muito que tentemos sê-lo, haverá sempre quem não entenda mesmo nada. Repara em Van Gogh, por exemplo... aquele homem, um dos maiores génios da pintura de todos os tempos, foi profundamente incompreendido pelos que o rodeavam, incluindo os familiares mais próximos. Se não fosse o irmão, Leo, nem sequer teria chegado vivo aos 37 anos de idade. Passou uma fome tremenda. Física e espiritual. Riram-se dele, apontaram-no como "vadio" enquanto ele se matava a trabalhar nas suas telas e... tu sabes quanto vale um Van Gogh nos dias de hoje. Hoje em dia a humanidade é mais rica por ter existido um Vincent Van Gogh, mas as pessoas tendem a valorizar o kitsch e a repudiar tudo o que não é imediatamente compreendido. Sempre foi assim e, muito provavelmente, sempre será. Dificilmente o ser humano comum adere àquilo que foge aos padrões básicos do que lhe foi ensinado na infância e condena, num gesto de fuga, tudo o que a obriga a reformular os seus padrões de pensamento mais básicos e elementares. Penso que uma grande maioria "pensa" assim...
Um grande abraço.

De M.Luísa Adães a 08.10.2009 às 15:16

Mª. João

falas em Van Gogh - sabes que é dos pintores que melhor conheço?

Vi os seus quadros ao vivo, em Amsterdão e em qualquer lugar que os veja, eu os reconheço. Fez parte das minhas traduções e o conheço e o
lamento, como pessoa. Sei que só o irmão Leo o acompanhou e ajudou.

Não sei se acreditava nele ou o amava, como irmão e por isso o ajudava.

Fizeste bem recordar, a quem no fundo, nada é, nada será! Apenas um

simulacro de si mesma. Obrigada! mas acrescento...os tempos são outros... Nada mudou para a arte? Penso que não!

Maria Luísa



De Maria João Brito de Sousa a 08.10.2009 às 15:49

Ai! Estou com um pé aqui e outro na rua... :)) vou aproveitar cada segundo para te responder. Eu penso que o Leo acreditou mesmo no génio do irmão. Ele conseguiu mesmo vender-lhe algumas obras enquanto ele estava internado no Hospício, em Arles, já nos últimos tempos de vida... mas aquele homem que tinha uma profunda admiração pelo seu médico, ouviu-o, sem querer, escarnecer do seu trabalho quando não estava presente. Deve ser terrível. Foi por essa altura que ele pintou a "Noite Estrelada"... repara no espanto daquela obra! Aquelas estrelas estão vivas na tela!
Vou ter de ir!
Bjo!

De eva a 21.10.2009 às 10:33

Já consigo apanhar o comboio para esta estação.
Este é um daqueles poemas de que todos partipamos, mesmo que disso não tenhamos consciência. As ausências são quase sempre mais presentes do que imaginamos.
Abraço GRD

De Maria João Brito de Sousa a 21.10.2009 às 10:35

É mesmo verdade, Eva! E de que maneira!
Um abraço GRANDE!

De Fisga a 28.10.2009 às 11:34

Olá minha querida amiga, Maria João. Minha doce amiga. Como estás tu? Desculpa de ainda não ter vindo, mas eu não me encontro muito em condições de estar no p. c.
Não vim comentar o teu post. mas li e adorei, tu és como o vinho do porto, estás cada vez mais apurada. Parabéns por isso. Olha minha amiga. Eu ainda estou um pouco atrasado para vir para o p.c. mas eu vou dando noticias, uma coisa que eu não vou fazer, é responder, aquela resma de mensagens e comentários que tenho na minha caixa de correio, porque é muita coisa, e eu não estou em condições. De me ocupar no computador, vou ter que pedir desculpa a toda a minha gente, pela acção, mas eu vou apagar e não respondo, com todo o respeito que tenho por todas as pessoas, que foram De uma simpatia e amizades incomparáveis. Minha amiga espero que estejas melhor, e eu prometo que vou dando noticias. Por agora só me resta pedir-te desculpa por ainda não ter aparecido, mas isto está muito combalido, ainda. Um grande beijinho deste amigo que te adora e ama.

De Maria João Brito de Sousa a 28.10.2009 às 12:23

Meu querido amigo! Não tens nada que pedir desculpa! Nem penses nisso! Nós, os teus amigos e colegas da blogosfera, estamos conscientes de que tu estás, ainda, em convalescença e necessitas de te pôr mesmo a 100%! Ninguém te vai levar a mal o facto de não comentares!
Fico muito feliz por te ver de volta, mas recomendo-te vivamente que te limites a aceitar ios nossos comentários como uma demonstração de amizade e não como algo que deve ser respondido!
Um enorme abraço e que essa saúde se recomponha com a brevidade possível!

De Fisga a 29.10.2009 às 15:09

Olá minha querida amiga Maria João, és uma querida. Eu sei que ninguém me leva a mal, mas eu é que também sinto muito a falta da vossa companhia diária, mas de facto eu não posso e não devo olha hoje apenas respondi a ti e a uma nova amiga? De nome Fernanda, mas que não tenho o prazer de conhecer. Amanhã responderei a mais duas ou três e vai assim, com muta calminha. Olha amiga, Um apertado abraço e tudo bem e bom para ti. Eduardo.

De Maria João Brito de Sousa a 30.10.2009 às 11:57

Fica bem, meu querido amigo! Respondes quando puderes... ou melhor, reinicias as tuas actividades quando estiveres a 100%!
Um grande abraço!

De Fisga a 30.10.2009 às 16:32

Ó minha querida amiga Maria João. És um amor, Eu te agradeço por seres quem és. Obrigado pelo teu cuidado, Eu estou melhor, obrigado. Segunda feira vou à consulta externa ao meu médico assistente, espero que ele tenha boas noticias para me dar. Um grande abraço para a poetisa mais querida. Eduardo.

De Maria João Brito de Sousa a 02.11.2009 às 10:50

Obrigada por teres parado nesta minha estação, amigo! Tudo vai correr bem, só necessitas de um pouco mais de repouso!
Abraço grande!

De Fisga a 03.11.2009 às 11:44

Olá Minha amiga De sempre. Não me agradeças. Pois é com muito prazer que te visito virtualmente, já que pessoalmente está fora de questão, por algum tempo. Um grande abraço também para ti e tudo de bom. Eduardo.

De Maria João Brito de Sousa a 04.11.2009 às 12:02

Tudo bem, amigo! Agora o importante é convalesceres dessa situação que te levou ao hospital. Hei-de estar sempre por aqui, não há pressa.
Abraço!

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