PEQUENOS LUXOS
PEQUENOS LUXOS
*
Nenhum medo,
conquanto
todas as formas de o negar
viessem bater-lhe à porta naquele dia
pintado de fresco...
*
Era
o pormenor rústico
da inesperada lata de grão-de-bico
que
(por mero acaso)
encontrara na despensa em desalinho
(e)
ainda
o requintado rancho-fingido
que
efectivamente fingira cozinhar
sobre a única boca do fogão desmantelado
(e)
era
a gata,
bêbeda de sol,
espreguiçada nas lonjuras da marquise,
longe do desconsolado consolo
dos livros cobertos de pó
(e )
as paredes desbotadas
que sempre a haviam vestido
como uma segunda pele
(...)
O galope ritmado,
imparável,
do decassílabo heróico,
esse,
um dia voltará
*
Não sabe quando,
mas sabe
que um dia retornará
grávido de som
pujante, indomável
a galgar as planícies de oiro do poema
*
Não baterá à porta
nem se fará anunciar
porque
jamais um galope selvagem
poderia fazer-se anunciar
(pequenos luxos de poeta. Enfim...)
*
Maria João Brito de Sousa - 22.11.2016 - 18.56h
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4 comentários
De Maria João Brito de Sousa a 22.11.2016 às 21:23
São pequenos instantâneos do dia de hoje que ficaram - ficaram mesmo - estranha e claramente gravados na minha memória...
Beijinho!
De jabeiteslp a 06.12.2017 às 16:48
que nem o tempo apaga
Beijinhos e uma boa e feliz noite
De Maria João Brito de Sousa a 06.12.2017 às 16:57
Obrigada por mo fazeres lembrar e que tenhas, também, uma noite feliz e repousada.
Beijinhos