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AO MAIO QUE HOJE ME OCUPA

Quarta-feira, 02.05.12

Maio, hoje, ocupou as ruas do meu corpo,
vestiu-se de vermelho e fez-se voz!

*
Há uma praça em luta,
um direito básico
que quase se perdeu,
uma conquista a cimentar,
uma memória que rasga um nervo… e salta!,
um velho-novo mundo,
escrito a sangue sobre asfalto
que se não quer esquecido,
que reivindica, cresce e ressurge
da ponta dos meus dedos inquietos, febris

*
Lá fora,
nas ruas onde o frio ainda gela,
onde as pedras se fazem sentir
duramente sob os pés,
onde o vento zune, espalha e semeia
as palavras de ordem que os ouvidos captam
e os gestos se traçam
nas três dimensões do costume,
sois vós, camaradas, quem se bate por ele.

*
Ainda a luta de classes,
neste Maio que não quer
nem  pode desmentir-se!

*

Nenhum medo
nenhuma hesitação
para além do vermelho que me veste
de uma urgência que só assim posso manifestar

*
Se o meu corpo não pode ir às ruas,
que venham as ruas ao meu corpo,
neste vermelho Maio em risco,
neste Maio que tentam roubar-nos,
neste Maio a querer fugir-nos
depois de conquistado a ferro e fogo
sobre as vidas de muitos,
com a vontade síncrona de tantos milhares
contra - sempre e para sempre contra! -
a humilhação da desigualdade,
o opróbrio da exploração,
a persistente e movediça hipocrisia de uns quantos.

*


Maio, vermelho Maio,
revisitando um sonho que resiste
nas ruas que invento no meu corpo desistente.

*

 



Maria João Brito de Sousa - 01.05.2012 - 14.50h

 

 

 

 





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publicado por Maria João Brito de Sousa às 00:01








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