FALA COMIGO DEPOIS DO ESQUECIMENTO
Quando as noites se encherem
Dos veludos da lua,
Fala-me então dos líquidos abismos…
Conta-me
Da sonoridade de todos os silêncios,
Das tonalidades da escuridão,
Do pressuposto precipício
Escavado no final de cada palavra.
Diz-me
Do cheiro vislumbrado nas asas dos anjos,
Do sabor dos ecos mais prolongados,
Do toque sedoso de uma abstracção…
Fala-me então
Mas deixa que me esqueça
Antes que as noites se encham dos veludo da lua
E os líquidos abismos
Derrubem o que resta da minha vontade.