NOS DEDOS DO VENTO
Vêm duras e ásperas
Nos dedos do vento
Quando o vento se esquece de nos vir beijar.
Vêm desmentindo
A improbabilidade da violência
E renascem de encontros ficcionados
No vértice das almas.
Vêm pontualmente cruas,
Inevitavelmente rígidas,
Chicotear a saliva dos beijos adiados.
Mas vêm
E morrem de seguida
Onde a vontade derruba
A mais perfeita das sincronias.
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MISTÉRIOS DE CANETA
Nos cabelos das ondas,
Nos lençóis de areia,
Nas luas de papel
Que os dedos das horas
Recortaram, sem saber,
Nas estrelas que a maré semeia
De infinitos tentáculos,
Aí, percorridos os minutos, um a um,
Cristalizam-se os mistérios improváveis
De cada paixão por conceber
E nenhum sonho aceita os impossíveis.
A caneta, rolando,
Absolve a inevitabilidade de todas as mortes.