Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


PALAVRAS

Sábado, 27.02.10

 

 

 

Vive o teu silêncio

à flor do que não esqueces,

dizia-me.

 

Eu sabia

das coisas por detrás das palavras

e sorria-lhe de dentro das letras que vestia de negro.

 

De todas as palavras

que jamais nasceram

só as do papel me sabiam a verdades.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Maria João Brito de Sousa às 23:00

NESSA CASA

Terça-feira, 15.12.09

 

Nessa casa

Os dias eram maiores...

As coisas eram, invariavelmente, vivas

E os vivos eram, pontualmente coisas.

Os medos e as revistas da novela

Arrumavam-se, sempre,

No quarto da criada

E as patologias

Dentro dos livros.

 

Havia sempre livros

Nunca demasiados, contudo,

E as paredes

Eram cúmplices

Dos meus infantis murais.

A enorme janela da sala

A poente

Convidava

A vespertinos arroubos

Da criação

Que seria, sempre,

A Senhora da casa.

 

Depois havia mais casas

Parecidas, mas muito diferentes…

A seguir era o Tejo

Aonde encontra o mar.

O Sol

Punha-se, sempre,

A nascente dessa casa,

Onde nasciam os abrunheiros.

 

As memórias

Tomavam chá connosco

E jogavam às cartas

Nessa casa.

Para além dela

O mundo era diferente...

No fundo

O mundo era apenas

Uma consequência dessa casa

Nessa casa.

 

Nessa casa escrevi,

Pintei e desenhei

Como hoje desenho,

Pinto e escrevo

Sempre que reinvento essa casa

Nesta casa aonde sou

Consequência de mim

NESSA CASA.

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Maria João Brito de Sousa às 12:05







posts recentes


comentários recentes


Posts mais comentados