(SOBRE)VIVENTES
Nunca as conheceram,
Às flores de água estagnada
Nas pedrinhas
De um passeio imprevisto
Ainda à vossa espera?
No tempo em que os poetas
Eram feitos de papel
E os anjos se vestiam de farrapos
Mais ou menos coloridos,
Havia poças de água
Na fúria de uma sobrevivência
Tão menos visível quanto fascinante
Cresci a olhá-las
Para além da sua visibilidade,
Aprendi a sondá-las
E a reconhecer-lhes uma vontade
Que sempre ultrapassará
A minha,
A vossa,
A do próprio amor…
Nesse tempo
Do papel,
Dos farrapos,
Dos poemas curtinhos
E das tranças com laços,
Fundiam-se perfeitamente
Elas,
As flores de águas paradas
E eles,
Os meus olhos libertos como dantes
Maria João Brito de Sousa – 07.12.2010 -19.17h
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