TEMPO
TEMPO
*
Tu dizes Eu
como quem bebe um copo de astros
e teces os corpos
nas arestas das horas
com
o pasmo e a leveza
das mãos que não tens
*
Tu dizes Vida
como se ela estivesse ainda por nascer
e
não páras de moldá-la
e
de cobri-la
dos indispensáveis acessórios
das teias e fungos e limos e dourados bolores
*
Tu passas
como se de todo não passasses
porque
não tens memória
que,
a essa,
somos nós
nós
bichos e sombras e plantas
e
serenas pedras de todos as escarpas
que ta vamos tecendo
para que
nela
te possamos (re)conhecer
*
Maria João Brito de Sousa – 15.01.2019 – 12.43h
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6 comentários
De jabeiteslp a 15.01.2019 às 15:22
boas vistas temos por aqui
e de palavras
também a quem sorri
Boa e feliz tarde
Beijinhos
De Maria João Brito de Sousa a 15.01.2019 às 15:31
Hoje o poema foi-me nascendo assim, neste ritmo branco e sem rima...
Mas continuo a tossir, a espirrar e a tremer de frio, apesar de já estar a antibiótico...
Beijinhos e uma feliz tarde para ti
De Sandra a 23.08.2020 às 05:23
De Maria João Brito de Sousa a 23.08.2020 às 10:36
Eu sei que para os prosadores e para os poetas da poesia em verso branco, a poesia metrificada - e o soneto, sobretudo.... - podem parecer menos fluidos, mas para os "poetas de ouvido", entre o quais me conto, o soneto também nasce num jorro... e, frequentemente, num jorro bem mais rápido do que o da poesia não-metrificada...
Curiosamente, reconheço a minha escrita e o meu sentir, neste poema, mas pensava que tinha abandonado a poesia não rimada há muito mais tempo...
Beijinhos e um Domingo feliz
De Sandra a 20.09.2020 às 15:33
De Maria João Brito de Sousa a 20.09.2020 às 15:55
Já não me recordava deste poema que escrevi muito poucos dias antes do enfarte...
Estava mesmo convencida de que tinha abandonado o verso branco há muito mais tempo. Pelo visto, não foi assim há tanto tempo...
Agradeço e desejo que tenha uma excelente tarde!
Beijinhos